Enviada por: Profª Patrícia Pitanga
“O corpo de um atleta precisa de muito mais energia que o de uma recepcionista. Um operário de construção tem muito mais chance de ser magro que um executivo”, afirma a nutricionista paulista Flora Spolidoro, responsável pela criação da dieta do aventureiro dos oceanos, Amyr Klink (que busca atravessar sozinho os oceanos em pequena embarcação). Flora diz que dependendo do tipo de atividade que exerce, o organismo gasta mais ou menos energia. Assim, segundo esta nutricionista, em entrevista concedida a revista “Superinteressante” (publicada no nº 6, junho de 1993), tudo que o corpo humano ingere é tratado por ele, indistintamente, como alimento. Um organismo plenamente desenvolvido utiliza esse alimento como matéria-prima para regenerar boa parte das células e para gerar energia que o conserva vivo. Em repouso absoluto, ele tem a potência de uma lâmpada: consome 100 watts de energia, o correspondente a 2100 quilogramas por dia.
Cerca de 20% dessa energia é utilizada pela musculatura esquelética, 5% pelo coração, 19% pelo cérebro, 10% pelos rins e 27% pelo fígado e pelo baço. Assim vemos que a alimentação é vital para a vida, seja para os esportistas seja o homem comum, pois a qualidade de nossas vidas depende daquilo que comemos. Um dos fenômenos que indica carência alimentar é o índice de prevalência de anemia, ou em outros termos, a falta de ferro no organismo. Esse índice serve não apenas para avaliação da saúde de um indivíduo, mas também, de um dado grupo ou de uma comunidade. Esse índice pode dizer muito mais do que sobre a simples quantidade de alimento ingerido por um sujeito ou uma comunidade: ele diz respeito essencialmente sobre a qualidade da alimentação. Esse fato vai ser importante nas nossas discussões assim como no desenvolvimento de nossas atividades. Por trás do apetite normal que faz barrigas roncarem, existe uma fome oculta. Ameaçadora, ela compromete a saúde de mais da metade do planeta. Sem deixar praticamente nenhum rastro, a anemia se instalou na sociedade e é responsável por uma geração de crianças, adolescentes e adultos apáticos, fracos e com rendimento escolar e no trabalho cada vez menor. “É uma doença que não mata nem chama a atenção. Mas é perigosa e deletéria para o indivíduo e para o desenvolvimento social do país” avisa a consultora de nutrição da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Leonor Pacheco. Pesquisas comprovam a perda intelectual que ocorre em anêmicos. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) provou que bebês e crianças com anemia perdem nove pontos do Coeficiente de Inteligência (QI).
Quando falamos em má alimentação, pensamos logo em falta de alimentos, o que pode não corresponder à realidade, pois uma alimentação inadequada implica considerarmos as proporções de nutrientes ingeridos e sua relação com as necessidades de cada um. Por falar em “proporção”, discutir sobre alimentação será uma oportunidade impar para tratar de conceitos matemáticos importantes no ensino fundamental, não somente o conceito de proporção, mas também das medidas, dos decimais e do tratamento de informações. A anemia cresce independente da classe social. Amostras de sangue de 1.256 crianças de 0 a 5 anos de idade da cidade de São Paulo demonstraram que 46,9% sofriam de anemia. A solução para o problema de falta na alimentação de ferro foi a de enriquecer certos produtos com o nutriente. A preferência é por produtos consumidos em larga escala no país. No Brasil, as soluções começam a ser pensadas agora. (Texto baseado na reportagem de Daniela Guima, “Falta ferro à mesa” publicada em 30 de março de 2002, pelo Correio Braziliense, página 08 do primeiro caderno.)
Fonte: Texto extraído do Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – GESTAR 2 TP 1. Matemática na alimentação e nos impostos. Brasília, 2008. Pag. 60
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